Dona Matilde: Entre flores, passarinhos e gols de placa!



Quem já não encontrou pelas ruas da Vila Brasil, a simpática dona Matilde carregando suas sacolas de feira? Se você leitor não conhece essa agradável senhora vamos contar um pouco sua trajetória de vida.

Dona Matilde nasceu no estado de São Paulo, na cidade de Itápolis. Na década de 50, aos oito anos de idade, veio ao Paraná, pois seu avô havia comprado um terreno em Londrina. Sobre essa chegada em terras vermelhas nos confidencia: “Era tudo mato. Tudo fechado... tivemos que abrir espaço para gente morar. Meus tios vieram com as garruchas, os revólveres. Ai de quem mexesse com a gente”.

Desde pequenininha, dona Matilde passou a trabalhar na terra, convivendo com os bichos e as plantas do mato. Assim ela diz sobre sua vida: “Vivia buscando água na mina, e como a água era limpinha! Ouvia o canto dos pássaros, socava café na roça, arrancava feijão, trabalhava com o pilão”.

Ao relembrarmos esse passado conseguimos entender o apreço de Dona Matilde pelas flores e pelos pássaros. Ela tem em sua casa um jardim, com orquídeas, manacás da serra, e também uma pequena horta. O som do quintal é disputado por diversos cantos de passarinhos, tais como: o pássaro preto, azulinho, sabiá poca, laranjeira, gaturama, entre outros. Dona Matilde assovia com vigor alguns desses cantos que escuta todos os dias.

Na casa da rua Uruguai, 1626, ela criou seus quatro filhos ao lado de seu marido, Lino Maciel. Os filhos ganharam à liberdade dos pássaros e o companheiro Lino já não está mais entre nós. A casa respira nos quadros, nos cômodos bem arrumados, toda essa época vivida em família. Hoje, Dona Matilde vive sozinha, mas não deixa de receber visitas dos filhos nos finais de semana.

Dona Matilde é provocada por nós sobre a qualidade futebolística de seu marido, que aparece em uma foto antiga de uma partida de futebol de várzea. Ela não hesita e responde logo que ele era bom de bola e jogava de centroavante. O filho Zé Carlos, presente no dia da entrevista, sorri com orgulho do pai goleador confirmando as palavras da mãe.

Podemos até questionar o faro do gol do falecido Lino, mas sua qualidade como pescador é atestado pelas fotos em preto e branco de grandes peixes mostrados pelo filho Zé Carlos. Peixes pescados pelo artilheiro, que eram limpos e temperados pelas mãos batutas de dona Matilde.

Desde 1959, esta casa vive com os cuidados de dona Matilde. Histórias não faltam para contar. Nos falta espaço para recontar mais. Uma única coisa é certa: essa história ainda está aberta a novos acontecimentos. Basta olhar o jardim e escutar por alguns segundos o canto dos pássaros. A vida se refaz na lida do dia-a-dia. E isso a sábia Matilde sabe muito bem.

Projeto envolve moradores de casas de madeira da Vila Brasil

Desde setembro deste ano o projeto “Memórias de Madeira” vem coletando vivências e memórias que nos remetem as casas de madeira, por meio de entrevistas com os moradores deste tipo de arquitetura. Até o momento foram realizadas onze entrevistas.

Tendo em vista o rápido desaparecimento das casas de madeira, o projeto tem identificado os problemas mais comuns, os quais fazem com que as mesmas sejam substituídas por outros tipos de construções.

Além disso, acreditamos que possam ser coletadas algumas técnicas de manutenção das casas junto aos próprios moradores da Vila Brasil. E a partir, da ajuda de profissionais da construção civil, formularemos uma cartilha com dicas para a manutenção das casas de madeira. Com a grande parte das entrevistas finalizadas podemos já afirmar que pelo menos cinco técnicas foram identificadas.

Em janeiro de 2009, a cartilha com as memórias e as técnicas coletadas será distribuída gratuitamente em um coquetel de lançamento. Os moradores participantes da pesquisa também receberão um DVD com todas as fotos das casas de madeira do bairro, além de contribuir com a preservação do patrimônio histórico-cultural de Londrina.

Os interessados em participar podem procurar a Vila Cultural Brasil, na Rua Uruguai 1656 ou pelo telefone 3324-8056.


CURSO DE INICIAÇÃO TEATRO DE GARAGEM APRESENTA SEU TERCEIRO ESPETÁCULO NA VILA CULTURAL BRASIL

A terceira turma do Curso de Iniciação Teatro de Garagem fez sua estréia do espetáculo “Movimento Impetuoso da Alma” em novembro, na Vila Cultural Brasil (Rua Uruguai 1656, esquina com Venezuela).
Com um roteiro não-linear, a peça “Movimento Impetuoso da Alma”, busca através da linguagem teatral, proporcionar para um público de trinta pessoas por apresentação, experiências sensoriais por via do espaço físico, das ações dos atores e das instalações que compõem o cenário. De acordo com o minidicionário Sacconi da língua portuguesa, Movimento impetuoso da alma para o bem ou para o mal, é um dos significados da palavra que inspirou o espetáculo: paixão.

“E pelo Arauto no alto do palco / onde mito vomita uma história / que repete / a história da estória / o canto do bode / espermatozóide / o pagode na prece / do samba-enredo reconhece ...”

“O prólogo da peça é uma releitura da música “Dom Quixote” de autoria do músico e compositor baiano Tom Zé. A letra foi nossa primeira inspiração e foi através de sua interpretação que chegamos ao tema”, diz Everton Bonfim, diretor do espetáculo.

A varanda da casa de madeira se transforma em um palco de cabaré. O público é convidado pelos personagens a entrar e percorrer um caminho que o levará ao “infinito das paixões”. Segundo o Arauto deste espetáculo, é o lugar onde todos os movimentos impetuosos são aceitos e respeitados. A paixão carnal, por coisas, pela natureza, pelo palco, pelo mar, por aventuras, são algumas das que ocupam lugares nesta estória. Os cômodos da casa servem de abrigo para personagens que se comunicam diretamente com o público, trazendo-o para dentro do cenário, deixando-o fazer parte da construção de sentido em cada cena. No caminho proposto também encontramos um hospital, um barco, um sítio, lugares carregados de histórias esquecidas pelo tempo e que são recontadas através da interação entre os personagens e a platéia.

Com o público já dentro da casa, o espetáculo é anunciado pelo Arauto. A cena é interrompida por dois cavaleiros andantes, Dom Quixote e seu companheiro Sancho Pança, eles procuram os “Deuses controladores das paixões”, mas quem são esses Deuses e onde eles estão? Com a ajuda do Arauto, da Zefa, de um Médico, de um Escrivão, do Apresentador do Cabaré, da dançarina Carmelita, dos Marinheiros e seu Capitão, o público poderá se comunicar com tais “Deuses” através de seus pedidos, e assim, participar desse encontro “que somente os dementes, os loucos, os teatros...”

O elenco é formado por Ana Alice Cafolla, André Hereck, Cloves Cardoso, Elisângela de Pádua, Everton Bonfim, Herbert Proença, Lincoln Normando, Miguel Matoso, Rafael Avansini, Rodrigo Feitosa e Tiago Garcia.

A direção é de Everton Bonfim, ministrante do Curso de Iniciação Teatro de Garagem.

O texto é uma colagem de poemas e letras de músicas dos seguintes autores: Tom Zé, Thiago de Mello, Manuel de Barros, Mário Quintana, Bernardo Guimarães, Alice Chaves, Paulo Marques, Leandro Proença e Álvaro de Campos. E também dos atores Herbert Proença, Everton Bonfim, Rafael Avansini e Tiago Garcia.

A concepção da Trilha Sonora é de Caíque Bellaver. A Iluminação é de Everton Bonfim e Rafael Santos de Barros. Os Figurinos são de Nathalia Oncken. A concepção do Cenário é do grupo. A Programação Visual ficou por conta do Franchico. As Fotos são da Isabela Figueiredo e nossa Contra-Regra é a Jussara Ruas.


Ficha Técnica:

Elenco: Ana Alice Cafolla, André Hereck, Cloves Cardoso, Elisângela de Pádua, Everton Bonfim, Herbert Proença, Lincoln Normando, Miguel Matoso, Rafael Avansini, Rodrigo Feitosa e Tiago Garcia

Direção: Everton Bonfim

Concepção do Espaço: Criação Coletiva

Dramaturgia: Herbert Proença, Everton Bonfim, Rafael Avansini e Tiago Garcia

Colagens de poemas e letras de músicas dos autores: Tom Zé, Thiago de Mello, Manuel de Barros, Mário Quintana, Bernardo Guimarães, Alice Chaves, Paulo Marques, Leandro Proença e Álvaro de Campos

Trilha Sonora: Caíque Bellaver

Iluminação: Everton Bonfim e Rafael Santos de Barros

Figurinos: Nathália Oncken

Cenário: Criação Coletiva

Programação Visual: Franchico

Contra-Regra: Jussara Ruas

Fotos: Isabela Figueiredo

Oficina de Coco: Daniela Fioruci

Agradecimentos: Aos nossos pais, aos vizinhos da vila e a todos que contribuíram para a realização deste espetáculo: A equipe da Vila Cultural Brasil - Marcelo, Danilo e Mauren. A equipe do Fuxico Brasil – Maria Fernandes da Silva, Sueli e Tica. Ao Bruno Mateus Fernandes, Paula Quintella, Michael Jhonny Livino, Manuel Arruda, Mônica Ricardo, Miguel Arruda, Cia. Teatro de Garagem e Cláudio Antonio Bernardi